A inspiração súbita e certeira[...]
TEXTO I
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o Sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol
É peroba do campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o Matita Pereira
TEXTO II
A inspiração súbita e certeira do compositor serve ainda de exemplo do lema antigo: nada vem do nada. Para ninguém, nem mesmo para Tom Jobim. Duas fontes são razoavelmente conhecidas. A primeira é o poema O caçador de esmeraldas, do mestre Parnasiana Olavo Bilac: “Foi em março, ao findar da chuva, quase a entrada /do outono, quando a terra em sede reclamada/ bebera longamente as águas na estação [...]''. E a outra é um ponto de macumba, gravado com sucesso por J. B. Carvalho, do Conjunto Tupi: “É pau, é pedra, é seixo miúdo, roda baiana por cima de tudo". Combinar Olavo Bilac e macumba já seria bom; mas é o que se vê em Águas de Março vai muito além: tudo se transforma em outra coisa e numa outra música, que recompor o mundo para nós.
Ao situar a composição no panorama cultural brasileiro, o texto dois destaca o (a)
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